Aquela história de que dá para contar nos dedos os amigos verdadeiros caiu por terra. Não porque a quantidade de pessoas em quem se confia aumentou, mas sim porque essa gente quase não existe. Pelo menos é o que afirma boa parte dos entrevistados de um estudo feito em 26 países. Dos 48.600 participantes da pesquisa, 46% diz não possuir amigos "de verdade". Os números vêm de um relatório publicado pela rede de agências de publicidade McCann Worldgroup em parceria com a revista online norte-americana SELF Magazine. Você deve estar refletindo o quanto o isolamento social e os traumas vividos durante a pandemia do coronavírus têm um papel nisso. Mas não é bem assim. Cerca de 77% dos entrevistados acreditam que as conexões emocionais já estavam mais fracas em 2019, antes mesmo de a covid-19 surgir. Vários fatores podem estar por trás dessa falta de pessoas em quem se confia. Um deles é a dificuldade que muitos têm de justamente ficar bem sozinhos. "Os melhores amigos são pessoas que conseguem ficar sozinhas —e bem. São as que já aprenderam a curtir sua própria presença. Ou seja, apreciam momentos de solitude", diz o físico irlandês Stephen Little, membro da equipe de medicina integrativa do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, que costuma ministrar um curso sobre "Como ter melhores conversas", na School of Life de São Paulo, para ensinar a ter encontros mais significativos e melhorar os vínculos emocionais. Além disso, a base de um relacionamento verdadeiro é a confiança, que deve ser construída por ambos. Little, por exemplo, não acredita que as relações estejam mais efêmeras, mas vê que as pessoas estão menos dispostas a investir seu tempo para construir e manter relacionamentos. "Por outro lado, levamos uma vida cada vez mais corrida, sem tempo de qualidade para nós mesmos, quem dirá ao outro". Portanto, se a falta de amigos chegou até você, é hora de olhar para si e curtir um pouco a própria presença. Além, é claro, de tentar entender se você também está se abrindo e sendo um bom amigo para os outros. |
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