O que você quer ganhar nesse Natal? O mercado, pelo jeito, só pensa em uma coisa: dólar. Na véspera do feriado, a demanda pela moeda americana levou o preço de volta para acima do patamar dos R$ 5,70 na máxima do dia.
O papai noel do mercado, mais conhecido como Banco Central, atendeu aos pedidos: no começo da tarde, vendeu US$ 190 milhões ao mercado em leilão extraordinário para abastecer o mercado. Mas nem fez cócegas. O bom velhinho voltou a trabalhar por volta das 14h, quando ofertou US$ 775 milhões à vista. E olha que mesmo assim a moeda ficou instável, teimando em subir. No fim, fechou em leve baixa de 0,08%, a R$ 5,6631.
A alta instabilidade do preço reflete a liquidez reduzida nesse pré-feriado, e a demanda pela moeda americana é naturalmente maior no final do ano devido às remessas de lucros e dividendos de empresas para fora. Mas não só isso. Hoje os Estados Unidos divulgaram o PCE, principal índice de preços para gastos do consumidor. E ele revelou uma alta de 0,6% em novembro ante outubro de 2021, e uma subida de 5,7% na comparação anual.
Os dados não pegaram o mercado de surpresa, mas confirmam a tendência de inflação nos EUA – o que pressiona o Fed para aumentos de juros. Isso, por sua vez, tende a atrair grana para terras americanas, o que prejudica mercados emergentes (como a gente).
Ibovespa
Talvez a cartinha tenha se perdido no caminho ao Ártico, ou talvez os investidores brasileiros não tenham se comportado neste ano. O fato é que a B3 vai passar o Natal sem presente, com o Ibovespa fechando em queda de 0,33% nesta quinta-feira. Na semana, a perda foi de 2,15%. No vermelho, para combinar com a identidade visual do feriado.
Com investidores já em clima de descanso, o dia foi marcado pela apatia: o volume negociado na bolsa foi de apenas XX, contra a média diária de mais de R$ 30 bilhões registrada em 2021. O índice andou de lado ao longo do dia e pouco reagiu ao noticiário econômico.
Logo de manhã descobrimos que o IPCA-15 de dezembro, a prévia de inflação para o período, veio abaixo do esperado pelo mercado. O dado ficou em 0,78%, sendo que a previsão era de 0,82%. Legal, mas não empolgou a Faria Lima. A análise é que a jornada de aumento de juros adotada pelo Banco Central está funcionando, mas o conjunto da obra ainda é ruim. Nisso, a bolsa caminha para o fim do ano com o clima pessimista. 2022 é ano eleitoral, e a instabilidade promete atingir níveis altíssimos.
O mercado brasileiro se descola dos EUA, que caminha para um cenário otimista, ainda que com desafios (como a inflação). Por lá, o entendimento é que a economia está voltando a bombar – e que a Ômicron não vai causar tanto estrago como as ondas anteriores de Covid-19.
À medida que descobrimos mais sobre a variante, as suspeitas de que ela é menos letal passa a se confirmar com dados vindos da África do Sul e do Reino Unido. Além disso, estudos mostram que as doses de reforço das vacinas colocam a proteção contra casos graves e mortes em patamares elevadíssimos, e a FDA aprovou o uso dos dois primeiros medicamentos feitos para combater especificamente a Covid-19, das farmacêuticas MSD e Pfizer.
Resumo da ópera: os americanos surfam no otimismo, e os principais índices fecharam no azul no pregão natalino. Também foi assim na Europa e na Ásia. Mas, como dizem as mães, você não é todo mundo.
Feliz Natal e até segunda-feira :)
Maiores altas
Marfrig (MRFG3): 4,17%
Embraer (EMBR3): 3,18%
BRF (BRFS3): 1,98%
Minerva (BEEF3): 1,54%
Iguatemi (IGTI11): 1,38%
Maiores baixas
Méliuz (CASH3): -6,34%
Getnet (GETT11): -5,91%
Hapvida (HAPV3): -4,16%
Notre Dame Intermédica (GNDI3): -3,24%
Petz (PETZ3) -2,89%
Ibovespa: -0,33%, aos 104.891 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,62%, aos 4.725 pontos
Nasdaq: 0,85%, aos 15.653 pontos
Dow Jones: 0,55%, aos 35.950 pontos
Dólar: -0,08%, a R$ 5,6631
Petróleo
Brent: 2,07%, a US$ 76,85
WTI: 1,42%, a US$ 73,79
Minério de ferro: 2,40%, negociado a US$ 126,35 no porto de Qingdao (China)
Nenhum comentário:
Postar um comentário