Na volta do feriado de Natal, o mercado americano amanheceu morno, mas os contratos futuros dos principais índices ainda apontam para uma leve alta de 0,2%. Isso depois de um pregão natalino bastante positivo por lá, que levou o S&P 500 a renovar seu recorde de fechamento.
Não que tenha sido uma raridade, claro. Em 2021, até agora, o maior e mais importante índice acionário americano bateu seu próprio recorde de fechamento 68 vezes. No ano, os ganhos acumulam impressionantes 27%, depois de uma subida de 16% em 2020. Os valores polpudos se devem a uma política de estímulos generosa do Fed, o BC americano, combinada com resultados robustos de empresas em seus balanços trimestrais, mostrando que a economia americana está a todo vapor depois da pandemia.
Por aqui, você sabe, as coisas não vão tão bem assim. Na verdade, nada bem: a queda no Ibovespa até agora é de mais de 11%. O índice caminha para registrar seu pior ano desde 2015, quando perdeu 13,3%.
A agenda econômica da última semana do ano é esvaziada, com as bolsas fechadas nesta segunda-feira em Londres, Hong Kong e na Austrália. Os pregões que ocorrem devem ser mornos, já que muitos investidores emendaram o recesso. Com a baixa liquidez, o mercado tende a ficar instável e mais suscetível a mudanças de humor repentinas.
Sem grandes novidades, o mercado continua a ficar de olho na variante Ômicron e em seus impactos na economia global. No feriado natalino, a variante se mostrou avançar com rapidez: França e Reino Unido reportaram seus recordes de casos diários nesse fim de semana, e o mesmo aconteceu em populosos estados americanos, como Nova York e Flórida.
Mais: o vírus ajudou a cancelar pelo menos 7 mil voos mundo afora em pleno feriadão, com um grande número de infecções entre funcionários de companhias aéreas.
Mas investidores não se deixaram abalar, pelo menos por enquanto; o mercado continua apostando, agora com mais dados, que a variante não vai causar tanto estrago porque os países não precisarão adotar medidas tão como lockdown para contê-la.
De certa forma, faz sentido. Apesar da curva de casos crescente, o número de mortes e hospitalizações permanece baixo, e mais e mais estudos reforçam a suspeita inicial de que a variante é menos letal que suas antecessoras.
Além disso, três doses de vacina se mostraram altamente eficazes em impedir mortes e casos graves. De qualquer forma, um pézinho na cautela é sempre bem-vindo; afinal, mesmo pouco agressiva, a Ômicron ainda pode lotar o sistema de saúde se infectar muita gente ao mesmo tempo, como alertou Anthony Fauci, conselheiro científico da Casa Branca.
É com esse otimismo cauteloso que os mercados americanos começam a última semana do ano. Por aqui, ao que tudo indica, temos que nos contentar só com a cautela mesmo.
Boa semana.
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