quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Bolsas começam dia no azul, e confirmam semana de bipolaridade

Abril Comunicações
ABERTURA DE MERCADO
 
Mercado financeiro alterna entre um dia de depressão e outro de mania. Os motivos são a Ômicron e uma eventual alta de juros nos EUA.
 
 
Por Guilherme Jacques e Tássia Kastner
 
 
Bom dia!
 
Agora cedinho o @Moneymaker resumiu o humor do mercado lá no Twitter.
 
​​Sexta: mundo vai acabar
Segunda: vai nada!
Terça: vai sim!
Hoje: não disse que não acaba?
 
Sim, o dia começou num tom excepcionalmente positivo para quem tem no radar uma Ômicron e um Jerome Powell. E, acredite, faz todo sentido. Quando investidores não têm muita segurança para antecipar o futuro, tendem a ser ainda mais irracionais. Daí essa bipolaridade louca dos últimos dias.
 
O fato é que o presidente do Fed está preparando o terreno para colocar fim ao programa de estímulo à economia, desencadeado lá em março de 2020, quando o coronavírus ameaçava colapsar o mundo.
 
O plano do BC americano era primeiro tirar todo o estímulo dado com o programa de compra de títulos, que chegou a colocar US$ 240 bi na economia por mês, para depois falar em alta de juros – hoje a Selic deles está ao redor de zero. O que Powell disse ontem é que é hora de parar de chamar a inflação de transitória e que a economia americana vai bem. Nisso, o calendário que previa o fim do programa de títulos para junho de 2022 poderia ser antecipado.
 
O mercado financeiro concluiu o raciocínio e agora trabalha com uma alta de juros mais cedo.
 
Depois do surto de ontem, o mercado vai bem neste comecinho de quarta-feira, com altas de mais de 1% nas bolsas europeias e nos futuros dos índices americanos. A tendência é que o Brasil se deixe contagiar pelo otimismo.
 
Só não custa lembrar que alta de juros nos EUA enxuga o dinheiro que os americanos espalham pelo mundo atrás de uma rentabilidade mais gordinha. Quando a rentabilidade dos títulos públicos dos EUA melhora, sai todo mundo correndo de volta para casa. E isso tem tudo para limitar o potencial de ganhos do Ibovespa e ainda elevar o dólar ainda mais. Curtir os dias de alta é bom, se preparar para os dias ruins, é melhor. Boa quarta!
 
 
O dia começou com tendência de... alta
 
• Futuros S&P 500: 1,16%
Futuros Nasdaq: 1,31%
• Futuros Dow: 0,87%
 *às 7h55
 
 
• Índice europeu (EuroStoxx 50): 1,72%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 1,37%
• Bolsa de Frankfurt (Dax): 1,51%
• Bolsa de Paris (CAC): 1,41%
*às 7h54
 
 
• Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,24%
• Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,41%
• Hong Kong (Hang Seng): 0,78%
 
 
• Brent: 4,67%, a US$ 72,46*
*às 7h52
 
 
À tarde Senado vota em plenário a PEC dos precatórios.
10h15 EUA divulgam relatório de criação de vagas no setor privado. Mercado espera 506 mil vagas em novembro.
12h Powell fala ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara americana
15h Balança comercial brasileira de novembro deve ter déficit US$ 1,35 bilhão em novembro
16h Fed divulga o livro Bege, que mostra as condições atuais da economia americana.
 
 
Menos empregos formais no Brasil
O Ministério do Trabalho revisou os dados do emprego formal no Brasil, apontando um corte de 191,5 mil vagas em 2020. O déficit anula o dado positivo divulgado pelo governo em janeiro (criação de 142,6 mil vagas) e que foi amplamente comemorado por Paulo Guedes.
Mas esse não é o primeiro ajuste. No início de novembro, o ministério já tinha revisado o número, baixando-o para 75,9 mil, ainda em terreno positivo. Vale lembrar que os dados do Caged, fonte dos números, refletem a diferença entre admissões e demissões nas empresas. E esses números podem ser atualizados até 12 meses depois de ocorrida a movimentação.
 
O Ministério divulgou ontem também os números de outubro deste ano: 253 mil vagas de emprego abertas com carteira assinada. É a terceira desaceleração consecutiva – 370 mil em agosto e 312 mil em setembro. Ainda assim, o resultado ainda é positivo no acumulado de 2021. O saldo é de 2,6 milhões de novos empregos formais, resultado da diferença entre 17,2 mi de admissões e 14,5 mi de desligamentos.
 
Murchou a estreia do Nubank
A uma semana da data prevista para abrir seu capital na Bolsa de Nova York, o Nubank precisou baixar o preço de venda de suas ações. Ele começou o processo sugerindo que investidores pagassem entre US$ 10 e US$ 11. Agora, deve vender cada papel por US$ 8 a US$ 9. Com isso, o banco digital deve arrecadar US$ 2,8 bilhões no IPO, ante os US$ 4 bi da primeira expectativa. E a avaliação de mercado, que já era questionada por analistas, também caiu, para US$ 41,7 bilhões – o Itaú, maior banco do país, vale US$ 37 bilhões. Esse tropeço antes da estreia é resultado de uma crise de confiança que paira sobre fintechs nos EUA. Primeiro porque com a alta de juros batendo na porta, para conter a inflação, elas sofrem mais, afinal precisam de mais crédito para se viabilizar. E, segundo, porque o modelo de crédito oferecido por elas tem sido questionado por investidores. Nisso, a Stone, que já está na Nasdaq, caiu 52% apenas em novembro.
 
 
 
Novos desafios
Jack Dorsey, que anunciou a sua saída do Twitter no início dessa semana, não foi o primeiro CEO de uma gigante da tecnologia a se despedir do seu cargo nos últimos tempos. Esse movimento parece tendência. Jeff Bezos deixou a Amazon neste ano para se dedicar à Blue Origin e explorar o espaço. Larry Page e Sergey Brin, fundadores da Google, saíram em 2019, para se dedicarem a negócios futurísticos. E, embora Mark Zuckerberg siga firme e forte no Facebook, a empresa agora se chama Meta, para marcar uma nova fase da companhia rumo ao tal do metaverso. Segundo artigo do The New York Times, é como se, depois de colocar suas criaturas no topo, os criadores quisessem novos desafios. Leia aqui.
 
A preço de banana
Desde o início de 2021, as transferências pessoais vindas de outros países para o Brasil já somam US$ 2,84 bilhões (ou R$ 15,9 bilhões). É o maior valor da série histórica, que tem origem em 1995. E representa alta de 18%, se comparado ao mesmo período de 2020. Conforme especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, há vários motivos para o crescimento. Primeiro, a forte desvalorização do real frente a moedas como dólar, euro e libra. Mas o lance é que, nessas economias, a recuperação também foi mais rápida do que aqui, onde o desemprego parece arrefecer, mas ainda atinge 12,6% da população. Aqui.
 
 
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