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BRASÍLIA, 28 DE FEVEREIRO de 2020
Faroeste presidencial
POR francisco leali coordenador na SUCURSAL DE BRASÍLIA
Olá.
O relógio marcava 21:08 da terça-feira de Carnaval quando o presidente da República, com pé sobre uma mesa e recostado em sua folga no Guarujá, anunciou: "Clint na tela!". Refastelava-se para assistir um faroeste enquanto o mundo político pipocava.
Menos de duas horas antes, tinha sido veiculada a informação, pelo Estado de S.Paulo, de que Jair Bolsonaro estava distribuindo aos amigos um vídeo convocando o povo para uma manifestação. O evento é o mesmo organizado para gritar contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Enquanto a jornalista que divulgou a notícia era atacada pelos seguidores de Bolsonaro nas redes, o presidente, de folga, preferia rir-se do problema que ajudou a fabricar.
Insuflar o povo contra outros Poderes, escondido sob a edição de um vídeo que diretamente não cita nem o Legislativo nem o Judiciário, mas chama a população para ir às ruas em defesa de um presidente que está apenas no início do segundo ano de mandato, soou estranhíssimo. Mas Bolsonaro segue cercado de apoiadores. Durante sua temporada na baixada santista, fez divulgar imagens de acalorados apoios que recebeu em padarias, pizzarias e outros pontos por onde se deixou ver pelos alegres populares que queriam abraçá-lo.
Sob inspiração desse apoio, o presidente sentiu-se à vontade para retomar o tema do vídeo que compartilhou, falando numa transmissão ao vivo pela internet na última quinta-feira. Nela, não teve qualquer pudor em mentir. Disse que o vídeo divulgado pela imprensa era de 2015, mesmo contendo imagens da facada na campanha de 2018. Como diria Jarbas Passarinho, o ministro da Justiça do governo Costa e Silva, ao aprovar a edição do AI-5 em 1968: "às favas, neste momento, todos os escrúpulos de consciência".
Com a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cuidou de vir a público para prestar esclarecimentos. Chamou o secretário de Saúde de São Paulo para compartilhar a notícia que vinha daquele estado e também para falar do que o poder público estava fazendo e ainda vai fazer para conter a doença.
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