Antes de pularmos do barco, Mariela da Maré me lembrou: "Não se esqueça das três regras principais: respirar, se comunicar e se divertir". Era sobre mergulho, mas virou mantra pra vida. . Ainda sou pega de surpresa. Caminhando em direção aos Correios, vejo uma menina rindo sozinha e rio junto. Chegando num sarau, olho pra os Arcos da Lapa e disfarço um discreto arrepio. Indo pegar o metrô, vejo um homem parar na calçada e dançar ao ritmo de uma caixinha de som. Saindo de um espetáculo no Catete, passo pela aula de forró da prefeitura e paro pra ver pela quarta vez. Tomando café com bolo no fim da tarde, bato o olho nas flores que dei de presente pra mim mesma e sorrio. Numa milagrosa corrida matinal, tenho como cenário o Pão de Açúcar e um mar lindo. Indo num bar, me atraso porque encontrei a lua cheia no caminho. Quando menos espero, a vida me lembra: eu tou morando no Rio de Janeiro, olha só! Tou vivendo a vida que escolhi. Desde que passei um mês na casa de amigos em Vila Isabel, bairro mais "vida real" que o Rio turístico que eu conhecia até então, decidi que queria morar aqui por um tempo. Foi em 2017, pouco depois de pedir demissão. Nos últimos anos, as prioridades foram outras, mas a vontade ficou ali num cantinho. Em agosto, vim passar uma temporada enquanto tomava coragem pra me mudar. Sentia apego pelo meu lar no Recife, medo de estar romantizando a cidade e preocupação pelas questões práticas que precisavam se alinhar. E dentro de mim, tinha uma vozinha: "quem sou eu pra viver bem numa das cidades mais incríveis do mundo? Seria bom demais pra ser verdade". Felizmente, me lembrei: já aprendi a usar o amor pelas raízes como sustentação, e não prisão. Aprendi, também, que tudo é transitório. É inútil dar tanto peso a cada decisão. Fiz uso do mantra que ouvi no meu primeiro mergulho de cilindro - uma das experiências lindas que o Rio já me deu de presente. Respirei fundo e lembrei que essa mudança fazia todo sentido dentro de mim. Me comuniquei e, aos poucos, resolvi tudo que precisava resolver. Chamei a mim mesma num canto e insisti: você merece se divertir. Assim como todo ser nesse mundo, tenho direito de buscar a vida que desejo viver. . Toda escolha envolve renúncias. Quereres são imensos, mas nos cabe olhar pra dentro e perguntar: do que mais preciso, hoje, pra me preencher de vida e sentir vontade de presença? Passei o último Ano Novo numa praia linda com pessoas muito legais, mas ansiosa e insatisfeita - e foi a insatisfação que me trouxe até aqui. Ainda não tenho planos pra essa próxima virada, mas não importa: tou mergulhando na vida. :) E você, como andam os mergulhos por aí? Desconto especial natalino Lulu Noel quer ver muita gente viajando pra dentro e pra fora no ano que vem ;) Se você ainda não leu meu livro "Guia de viagens pra dentro e pra fora: como viajar de forma transformadora e responsável" ou quer dar um exemplar de presente, aproveita: criei um cupom especial de 23% de desconto pra celebrar a chegada do novo ano. É só usar o código vem2023 na hora de fechar o carrinho lá na loja online. <3 O que tem rolado por aqui Lá no Instagram @janelasabertas, sigo publicando minhas (re)descobertas aqui no Rio e salvando nos destaques. :) No blog, saíram posts sobre o que fazer em Cabo Polonio e em Colonia del Sacramento, no Uruguai; como encontrar um seguro viagem barato e com boa cobertura (manda pra teu amigo que vai viajar pra o exterior em breve!); e 14 ideias do que fazer nas férias sozinho; além de dicas de hospedagem em Maceió, Brasília e Ilhabela. Abri minhas janelas e vi Tem mais autônomos por aí? o/ Gostei muito dessa aulinha de Rafa Cappai sobre como planejar o ano do seu negócio criativo. Acho Rafa super pé no chão e o conteúdo dela me ajudou muito a transformar o blog em negócio, lá em 2017. Ela lembra, por exemplo, que um planejamento não dá conta da realidade; tudo pode mudar, e é normal você não fazer as coisas como previu ali. O ato de planejar (que envolve avaliar nossa situação atual, contexto e prioridades) é mais importante que o plano propriamente dito. "Rituais transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa". No livro "O desaparecimento dos rituais: uma topologia do presente", o filósofo Byung-Chul Han, autor de Sociedade do Cansaço, argumenta que nosso senso de comunidade está sendo substituído por um narcisismo coletivo e questiona a busca por autenticidade. Nem terminei ainda, mas tou grifando metade do livro, então já recomendo ;) "Face à coação crescente de produção e desempenho, é uma tarefa política fazer um outro uso da vida, lúdico. (...) O descanso contemplativo é recuperação" – aproveito o gancho de um dos trechos que grifei no livro acima pra indicar essa matéria da revista Gama sobre como se desconectar das redes sociais no fim do ano. E ainda falando em descanso: você já ouviu falar no turismo do sono? "Foi-se o tempo em que 'dormir em dólar' era sinônimo de jogar dinheiro fora. Pra correr atrás do sono perdido com a pandemia e outras agruras dos últimos tempos, muita gente está disposta a investir uma grana em férias nas quais o tempo entre os lençóis é a grande atração", diz esse texto do The Summer Hunter. Mundo afora, hotéis cobram uma fortuna pra quem quer dormir com conforto. É curioso como o capitalismo nos deixa exaustas e depois lucra com nosso descanso, né? Outra tendência do mundo das viagens, segundo a Veja, é o etnoturismo, em que o objetivo é fazer uma imersão na cultura de povos originários de forma ética e respeitosa. Já falei sobre o assunto nesse artigo do blog, e um dos entrevistados da matéria da Veja é Joarlinson, de Nova Esperança, comunidade indígena onde me hospedei na Amazônia. Esse tipo de turismo traz desafios, como aponta a matéria, mas fico feliz de ver que parece ter cada vez mais gente buscando aprender com o diferente. Um abraço virtual e um fim de ano renovador pra você aí! Vem com tudo, 2023 <3 | | | | |
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