Na semana passada, destaquei cinco documentários (quatro séries e um filme) lançados este ano que merecem a sua atenção. Nesta última newsletter de 2022, vou falar de cinco séries de ficção que se destacaram, entre as centenas de lançamentos das plataformas de streaming. Diferentemente da lista anterior, na qual incluí três produções brasileiras, nesta há apenas séries estrangeiras. Creio que o Brasil ainda está engatinhando na produção deste formato de ficção. Ruptura (Apple) - Originalmente intitulada "Severance", a mais provocativa série de 2022 é uma ficção científica baseada numa ideia genial - a rotina dos funcionários de uma empresa que concordam em participar de um programa de "ruptura" no qual suas memórias pessoais são separadas de suas memórias no trabalho. No momento em que entra na Lumon, o funcionário se desconecta de sua vida fora do trabalho. Dirigida por Ben Stiller, com o ótimo Adam Scott como protagonista, e John Turturro, Christopher Walken e Patricia Arquette em papéis secundários, a série terá uma segunda temporada, possivelmente em 2023. O nono e último episódio da primeira temporada é uma obra-prima do gênero. Euphoria (HBO) - Um drama sobre o lado mais escuro da adolescência, teve a sua segunda temporada exibida este ano. Com tintas fortes, retrata a vidinha de uma dezena de jovens que se entopem de drogas e bebidas alcoólicas, estabelecem laços de amizade e de ódio ferozes, cometem maldades terríveis e experimentam paixões e rejeições intensas. Para muitos críticos, a série faz apologia ao uso de drogas. Creio que é o contrário. Ao acompanharmos a trajetória de Rue Bennett, a protagonista e narradora, uma dependente química que já passou por diversos tratamentos para se livrar do vício, somos levados a ter repulsa pelas drogas. A cantora e atriz Zendaya dá um show como a protagonista. Ela é também produtora-executiva da série, cuja terceira temporada já foi encomendada. Only Murders in the Building (Star +) - Talvez seja o melhor exemplo, no momento, sobre como produzir entretenimento leve e sem compromisso, mas de alta qualidade. A segunda temporada, exibida este ano, é tão boa quanto a primeira. Em tese, é uma série de suspense, sobre a investigação de um crime ocorrido num prédio de luxo em Nova York. Na prática, é uma comédia baseada num show de interpretação de Steve Martin e Martin Short, acompanhados de Selena Gomez. Com texto muito bom, a série ri da moda de podcasts de "true crime" e explora com bastante ironia as manhas e manias de alguns tipos nova-iorquinos, tantos moradores do prédio, quanto personagens dos entornos, como o garçom, o policial, a artista de vanguarda etc. É uma delícia. A terceira temporada já foi encomendada. Hacks (HBO) - Comédia leve, com episódios curtos, mas muito sofisticada, conta a história de Deborah Vance, uma comediante veterana, em processo de decadência, e Ana, uma jovem roteirista, contratada com a missão de renovar o seu repertório. Jean Smart dá um show, muito bem apoiada por Hannah Einbinder. A segunda temporada, exibida este ano, desenvolve de forma ainda mais divertida e afiada a relação entre as duas protagonistas. A série discute, sem levantar a voz, bons temas sobre o universo do show business, incluindo o machismo e o politicamente correto. Bastante premiada, a série também já garantiu uma futura terceira temporada. White Lotus (HBO) - A segunda temporada de série de Mike White sobre ricos americanos desfrutando férias num resort de luxo na Sicília foi o maior sucesso de 2022. Assim como na primeira temporada, a série explora, em paralelo, o cotidiano dos hóspedes em contraste com o dos funcionários do hotel. "Achei interessante tentar entrar na cabeça de quem tem mais dinheiro e um pouco mais de poder. São pessoas que poderiam fazer algo sobre a desigualdade. Eu queria tentar entender por que eles não querem fazer algo a respeito, por que ficam na defensiva e o que usam para justificar a complacência e o medo da mudança. E fazer isso de uma maneira que parecesse crível", explicou White. ******** Um feliz Natal e um ótimo 2023 aos leitores da newsletter. Até a volta, em janeiro. |
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