O "loiro pivete" faz parte de um ritual masculino, preto e periférico desde os anos 1990, sobretudo com a chegada do verão ou em momentos de celebração. No jogo entre Brasil e Croácia, pelas quartas de finais na Copa do Mundo, não foi diferente: uma série de homens negros com cabelos loiros se misturavam entre as quatro linhas. Após a derrota, no entanto, o estilo dos jogadores foi tratado como vaidade. Os críticos também apontaram que a coloração capilar influenciou na derrota por "tirar o foco dos jogadores" da competição. Mas será que foi isso mesmo? Para Maxwell Andrade, artista nascido da favela da Rocinha, a resposta é não. Pois, "[para] o povo preto, platinar o cabelo é um movimento de celebração, brincadeira e beleza". "Descolorir o cabelo é uma afirmação de rebeldia, empoderamento e liberdade diante de qualquer estrutura discreta e indiscreta de aprisionamento do corpo negro. É desafiar a estrutura racista que rege o país. É mais uma coisa que não 'devíamos' ter: cabelo loiro. Aí isso vira símbolo de todas as coisas que foram negadas: nossos próprios corpos, autoestima, vaidade, dinheiro." Maxwell Andrade, artista plástico Para o artista plástico, pessoas negras serem vaidosas significa resistência. "Os pretos precisam ter o direito de decidir que tipo de rico querem ser. Falo isso porque essas críticas sobre a estética se estendem para nossas posses, dinheiro ou qualquer outro tipo de propriedade e decisão nesse sentido", diz. *** PROTAGONISTA... A nova novela das 19h da TV Globo será protagonizada por um homem negro. Samuel de Assis será um advogado idealista e sonhador. Em Splash, ele conta a importância de ter atores negros em narrativas bem-sucedidas. *** RACISMO CIENTÍFICO... Já ouviu falar neste termo? Em Ecoa, a socióloga Letícia Ferreira explica seu surgimento e como ele pode impactar as populações negras no Brasil e no mundo. |
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