Oi, lembra de mim? :P Não apareço na tua caixa de entrada desde novembro, pouco antes de voltar a viajar "de verdade" (sem ficar em total isolamento) depois de quase dois anos (viva as vacinas!). Vivi dias lindos em Montevidéu, Colonia del Sacramento e Cabo Polonio, no Uruguai, e compartilhei várias dicas nos stories e no feed do @janelasabertas no Instagram. Em breve vão sair posts completinhos pra o blog. <3 Em janeiro, fiz uma viagem nada turística e muito especial pra Monte Verde, no Sul de Minas, onde tive ótimas trocas com amigos mochileiros que admiro muito. É tão importante se conectar com gente que compartilha de valores, escolhas e questionamentos parecidos com os nossos, né? Espero que você tenha uma rede assim também! Em fevereiro, fui pra Aracaju, em Sergipe, e Piranhas, ali pertinho, mas já em Alagoas. Gostei da capital sergipana, mas a segunda etapa da viagem ganhou meu coração, com a presença imponente do Rio São Francisco, os simpáticos moradores dos povoados de Entremontes e Ilha do Ferro, as histórias do cangaço... O Sertão tem uma magia que sei não, viu? <3 Também compartilhei lá no Insta. :) Mas foi agora em março que fiz uma das viagens que planejava há mais tempo. Desde que comece ia pesquisar sobre turismo responsável e conheci o conceito de Turismo de Base Comunitária (se não sabe o que é, clica aqui pra descobrir), ouvi falar muito da Rede Tucum: Rede Cearense de Turismo Comunitário. Criada em 2008, essa articulação é uma referência no Brasil, sendo formada por grupos de comunidades tradicionais da zona costeira do Ceará. Através do turismo protagonizado pelas comunidades locais, eles promovem o respeito ao seu movo de vida e ao meio ambiente, fortalecendo a cultura e contribuindo com a mobilização pela garantia do território. Esse último ponto é super importante, porque o litoral cearense sofre muito com os impactos negativos do turismo de massa, especulação imobiliária e outras atividades econômicas predatórias. E o que eu vivenciei na semana que passei entre a terra indígena dos Jenipapo-Kanindé, em Aquiraz, e a comunidade quilombola do Cumbe, em Aracati, foi inspirador. Nos dois lugares, as pessoas com quem tive contato se mostraram super conscientes da importância da luta coletiva pra preservação do território, pra garantir direitos e pra valorizar as tradições culturais que têm sido estraçalhadas em nome do lucro. É triste ver a pressão feita por empresas como Ypióca, que poluiu a lagoa dos Jenipapo-Kanindé; construtoras que tentaram transformar boa parte da mata preservada num resort gigante; as usinas eólicas que privatizaram uma área imensa da praia em Aracati; grandes carcinicultores (criadores de camarão em cativeiro) que desequilibraram o ecossistema... Mas dá um alento ver que tem gente firme na luta, apesar de tudo. Também foi ótimo sair do ambiente individualista da cidade grande e lembrar como as relações podem ser mais solidárias. :) Além disso, a experiência me fez refletir mais que nunca sobre como o TBC pode servir de contraponto à postura colonizadora que muitas vezes adotamos enquanto turistas, naquela atitude (mesmo inconsciente) de "estou pagando e mereço ser servido".  Compartilhei essa reflexão lá no Instagram: Você não é o centro do mundo numa experiência de turismo de base comunitária. As pessoas que te recebem vão, é claro, se esforçar pra que você se sinta bem e curta a visita, mas não vão fazer isso maquiando o que vivem, passando por cima das próprias necessidades e te colocando num pedestal. Elas não vão parar de cuidar das crianças, da casa e da comunidade. De ouvir as músicas delas, fazer suas celebrações, ter conversas sobre as questões mais mundanas das suas vidas. Só que elas te incluem. Elas se abrem pra te receber e te mostrar o que vivem - sem, pra isso, esconder problemas e desafios. Porque partem do princípio de que você não é só um cliente: é uma pessoa que chegou pra compartilhar, experimentar e refletir. Pra conhecer o modo de vida daquele povo, e não só os recortes mais vendáveis do lugar. Isso envolve se adaptar, enxergar beleza no que não é tão "instagramável" e valorizar as interações humanas. Rever expectativas sobre o que é fazer turismo e questionar nosso olhar acostumado a transformar tudo em produto. Sim, você tá pagando - e contribuindo com quem realmente precisa. Mas não é por estar pagando que tudo gira em torno das suas expectativas pasteurizadas. Numa boa experiência de TBC, você não vai ser servida como uma rainha. É melhor que isso: vai ser acolhida como uma amiga. Já viajou assim, ou já pensou nisso? Existem vários projetos de TBC Brasil afora, pra quem ten pouco tempo ou gosta de viajar num esquema mais organizadinho. Se preferir uma experiência mais roots, sempre existe a opção de desviar das rotas mais turísticas e buscar essa imersão de forma espontânea, tendo como foco uma das maiores riquezas desse país: as pessoas. <3 O que tem rolado por aqui 30 mulheres compartilhando o que aprenderam em suas jornadas Gravei ontem minha palestra pra o evento online Jornadas de Vênus, que reúne 30 mulheres pra falar sobre 30 assuntos diferentes, passando por viagem, empreendedorismo, escrita, autoconhecimento... O meu tema vai ser "Turismo responsável: como viajar pode ser transformador não só pra quem viaja". :) Mas mesmo se você não quiser me ouvir, dá uma olhada lá no site do evento pra conferir a programação e garantir o ingresso no primeiro lote, com valor promocional de R$ 147, que vale até hoje (21/03). Tem muita coisa legal! Recomendo especialmente as palestras de Flay Alves, que fala lindamente sobre escrita, e de Carol Fernandes, que tem uma visão sobre viagens muito parecida com o que eu defendo. O ingresso dá acesso a todas as palestras por seis meses, a partir de 02/04, e também a seis rodas de conversa ao vivo com as palestrantes, durante o mês de abril. Ah, 10% do valor vai ser doado pra três projetos sociais que ajudam mulheres em situação de vulnerabilidade, e se você comprar por este link aqui eu também ganho uma comissão. Agora o Janelas Abertas tem loja online! Lancei uma lojinha do blog! :) O grande motivo foi facilitar a venda online do meu livro, que já foi enviado pra todos os apoiadores da campanha de crowdfuding e agora tá chegando a novas casas Brasil afora. É só clicar aqui pra comprar o seu com frete incluso pra todo o país. E se estiver no Recife, você pode ir num dos pontos de venda presenciais, que tou anunciando lá no Instagram. Por enquanto já estamos no Motche, Morosi/Bellucci e Mia Café. Abri minhas janelas e vi Voltar a viajar significou voltar a escutar podcasts, mídia que acho perfeita pra momentos de deslocamento. Recomendo alguns que renderam reflexões e anotações por aqui: - "Liberte-se da sua própria prisão", no Jout Jout de Saia, pra repensar as prisões em que nós mesmas nos colocamos (em menos de 5 minutinhos)
- "Slow content: e for a das redes sociais, como você viaja?", no Descobre a Mochila, pra quem entra em conflito com as cobranças da vida virtual
- "Viajar sozinha: individualidade e renascimento", no Abrindo Caminhos, pra mulheres que se sentem perdidas de si mesmas ou que se reinventaram viajando
- "Disciplina é liberdade", no Profissão: Artista, pra quem empreende e tem dificuldade em lidar com as infinitas demandas da vida
- "Como acumular milhas", no Se meu Mochilão Falasse, pra quem tá perdendo dinheiro por não entender bem esse universo de milhas (como euzinha aqui)
- Ah e aproveitando: lá em Monte Verde, participei da primeira gravação presencial do podcast queridinho Mochileiros sem Pauta, conversando sobre
o papel e a responsabilidade de quem produz conteúdo sobre viagens Também tenho retomado aos poucos meu ritmo de leitura, hábito que ficou de lado durante o turbilhão de finalização e lançamento do meu livro. Nos últimos meses, tive insights importantes com A Liberdade é uma Luta Constante, de Angela Davis, e Discurso sobre o Colonialismo, de Aimé Césaire. Numa pegada mais "viagem pra dentro", gostei muito do Talvez você precise conversar com alguém, em que uma psicóloga fala sobre terapia do ponto de vista de paciente e de profissional. Chegou justo no momento em que retomei as sessões com minha psicóloga, provocando boas reflexões. E se você procura um romance desses que não dá vontade de parar de ler, pode apostar no Véspera, de Carla Madeira. Além de trabalhar deliciosamente a linguagem, ela fala sobre como traumas e conflitos psicológicos podem mudar os rumos das nossas vidas e relações. Recomendo também o ótimo Tudo é Rio, da mesma autora, que fez dela a mais lida do Brasil no ano passado. E tu, o que andas descobrindo por aí? Tou com saudades dessas trocas! Responde aí e me conta? :) | | | | |
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