À espera da vacina contra a covid-19, profissionais de saúde vivem uma mistura de sentimentos —estão animados com a chegada da imunização, mas alertam que ainda não dá para relaxar com as medidas de combate ao novo coronavírus. O repórter Nathan Lopes conversou com médicos que afirmam que "a vacina não substitui o pacote de prevenção". A vacina é condição fundamental, necessária, mas ela não é suficiente. Não é só vacinar e no dia seguinte voltar às suas atividades ditas normais. A gente não está falando de um elixir mágico que vai resolver a pandemia. Ninguém pode ter esse tipo de perspectiva. Isso é fantasia. Gerson Salvador, especialista em infectologia e em saúde pública O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Victor Dourado, diz que já percebeu uma "diminuição de todos aqueles cuidados" do início da pandemia. "Acho que as pessoas vão chegando num ponto de fadiga, de não conseguir manter todo aquele nível de atenção e cuidado do começo", observa. A vacina pode dar uma falsa sensação de segurança. O que eu quero dizer não é 'não tomar vacina'. Pelo contrário: é vacinar, mas colocar a vacina dentro de um contexto de uma mandala de prevenção. A prevenção à doença infecciosa nunca se faz com uma estratégia só. Alexandre Naime, chefe da infectologia da Unesp e consultor da SBI Naime destaca que, hoje, há quatro "regras de ouro": - uso de máscara;
- distanciamento social;
- higiene das mãos;
- testagem sempre que tiver sintomas suspeitos.
"Vai entrar uma quinta: a vacina", comenta. "Mas ela tem que entrar no pacote, não pode ser um substituto do pacote." Butantan começa a produzir CoronaVacEm meio às discussões sobre as vacinas, o Instituto Butantan anunciou ontem que começou a produzir a CoronaVac, desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. A fábrica deverá produzir, gradativamente, até 1 milhão de doses por dia, embora o imunizante ainda não tenha a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser usado no Brasil. E a Anvisa aprovou regras que autorizam o uso emergencial e em caráter experimental de vacinas contra o novo coronavírus. Isso significa que a agência poderá analisar pedidos de laboratórios e conceder ou não autorização temporária para aplicação de doses. A 'corrida' na América LatinaEnquanto isso, um levantamento da Universidade Duke, na Carolina do Norte (EUA), mostra que o Brasil é o quarto na corrida por uma vacina contra a covid-19 entre as cinco maiores economias da América Latina. O Brasil está atrás de Chile, México e Argentina e na frente da Colômbia, que não detalhou acordos para imunizar a população. Os dados são de um relatório feito pela instituição até o dia 5 de dezembro. Comparado aos vizinhos, o Brasil teria vacina para apenas 100 milhões de habitantes, frente a uma população de 209,5 milhões de habitantes. O Chile seria o único país entre os cinco a já ter assegurado uma quantidade de doses suficientes para imunizar toda a população. 
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