Olá, investidor. Após a Petrobras (PETR4) ter divulgado na quarta-feira (4) seu balanço referente ao primeiro trimestre deste ano, com números fortes e acima do esperado pelo mercado, o presidente Jair Bolsonaro declarou que o lucro auferido pela estatal é "abusivo" e "um crime". No período, a estatal obteve lucro líquido de R$ 44,5 bilhões, o terceiro melhor resultado trimestral de sua história, tendo sido impulsionado pelo aumento em 27% do preço do barril de petróleo tipo Brent com relação ao trimestre anterior. Diante dos bons resultados, a Petrobras aprovou o pagamento de dividendos no valor de R$ 3,71 por ação, que, segundo o presidente, serviriam para sustentar "pensões gordas fora do Brasil". As falas de Bolsonaro devem contribuir para conter a alta das ações da estatal, uma vez que reacendem a preocupação com a intervenção governamental na política de preços da companhia. Mas, afinal, quem de fato se beneficia do lucro da Petrobras? É importante destacar que o principal acionista da companhia é a União, com 28,6% do capital social da empresa. O governo também detém participação na companhia via BNDESPar, com 6,9%, e BDNES, com 1% das ações. Em 2021, do lucro de R$ 106,6 bilhões auferido pela companhia, R$ 37,3 bilhões foram pagos ao governo federal na forma de dividendos. Esses recursos foram para o caixa do Tesouro Nacional, para serem alocados onde a União julgar necessário. Além disso, apenas no primeiro trimestre deste ano, a Petrobras pagou quase R$ 70 bilhões em impostos, royalties e participações para o governo —valor superior ao lucro líquido auferido no período. Isso quer dizer que a Petrobras alimenta os cofres do governo de diversas formas, injetando quantias expressivas no caixa da União todos os anos —quantias essas que frequentemente não são alocadas de maneira a beneficiar a população. Conclui-se, portanto, que o governo é quem mais se beneficia do lucro da estatal, e teria o poder para utilizar os recursos provenientes deste lucro em benefício da população —mas frequentemente não o faz. Vale lembrar ainda que nos períodos nos quais a Petrobras dava prejuízo, como ocorreu durante boa parte do governo de Dilma Rousseff, a estatal além de não remunerar a União, contraía dívidas multibilionárias para financiar uma política de preços com intenções claramente eleitoreiras. É preciso aprender com o passado e não repetir velhos erros no futuro. Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes do UOL Investimentos): informações sobre os resultados da PetroRio, petrolífera privada que recentemente comprou ativos importantes da Petrobras, referentes ao primeiro trimestre de 2022. Um abraço, Rafael Bevilacqua Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante Queremos ouvir vocêTem alguma dúvida ou sugestão sobre investimentos? Mande sua pergunta para uoleconomiafinancas@uol.com.br. |
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