Pode ser que você esteja lendo essa newsletter de seu celular neste momento. Aliás, com certeza você dedica minutos preciosos da sua vida a esse aparelhinho "mágico" que contém basicamente sua vida toda nele. Agora, já parou para pensar por que a gente acaba trocando experiências reais por causa de um telefone? É justamente essa a pergunta que o psicanalista e colunista de Tilt Cristian Dunker tenta responder. E claro que com muita psicanálise. O celular é hoje uma extensão de nós mesmos quase que dotado de vida própria, como um órgão de nosso corpo que contém nossos dados, histórico de consumo, imagens e declarações. Cada vez escutamos mais queixas daqueles que se sentem excluídos, minorizados e desamados pela concorrência desleal do celular do parceiro. Sim, o smartphone parece ser mais interessante do que a outra pessoa. E se a gente perde para o TikTok, vai empatar com quem? Além disso, em geral, trocamos momentos que podem ser divertidos ou mesmo de tensão, por experiências de baixa qualidade no celular. "A diferença pode ser avaliada pela família que, reunida, discute e conversa sobre o mesmo post do Instagram, e aquela na qual está cada um na sua e todos numa boa", escreveu Dunker. O colunista inclusive afirma que a medida mais simples para melhorar a saúde mental das pessoas é almoçar ou jantar com a família todo dia. Sem celular, é claro. O que é mais difícil explicar é que mesmo a baixa qualidade experiencial, em regra neste tipo básico de uso, não "descansa" de verdade, como parece. Junto com ela vem a sensação de que eu mesmo posso regular a demanda do outro, que tantas vezes oprime. "Pense na quantidade de mães escravizadas por seus filhos e que, na verdade, se imaginam no "governo" da situação. Quantas tantas vezes estou apenas me iludindo com a potência de fazer pequenas escolhas, que mudam as páginas da tela, quando o que eu queria era mudar as páginas da vida", concluiu. |
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