Olá, investidor. Em meio a um cenário global caótico e desafiador, com uma guerra assolando o Leste Europeu e provocando bruscas oscilações nos preços de diversos insumos essenciais às cadeias de produção globais, o Brasil vive um momento econômico bastante peculiar. Com a disparada da inflação em virtude do descasamento entre produção e demanda causado pela pandemia, o Banco Central (BC) se viu forçado a dar início ao atual ciclo de alta dos juros no Brasil um ano antes de os Estados Unidos adotarem uma postura semelhante. Entre março de 2021 e março de 2022, a Selic (taxa básica de juros) subiu 9,75 pontos percentuais, de 2% para 11,75% ao ano. Enquanto isso, o Federal Open Market Committee (Fomc, o comitê de política monetária dos EUA) anunciou na reunião deste mês uma tímida alta de 0,25 ponto percentual em sua taxa básica de juros, para o patamar entre 0,25% e 0,5% ao ano, e o Banco Central Europeu (BCE) não dá sinais de que deve começar a subir tão cedo os juros, que atualmente se encontram em zero ao ano. Assim, com uma taxa de juros a 11,75% ao ano e que deve tranquilamente superar o patamar de 13% ainda em 2022, o Brasil voltou a ser o paraíso da renda fixa, atraindo cada vez mais investidores, tanto domésticos quanto estrangeiros. Isso se deve principalmente à perspectiva de que o juro real brasileiro, ou seja, a taxa de juros descontada a inflação, deve ser um dos mais altos do planeta neste ano. Caso as mais recentes projeções se confirmem, a Selic deve terminar 2022 a 13% ao ano, e a inflação deve acumular alta de 6,59% no período. Assim, o juro real ficaria em 6,41% no ano, muito acima do observado em nações desenvolvidas, onde esse número frequentemente é negativo. Todavia, enquanto a renda fixa recupera a popularidade, a renda variável tende a perder o interesse dos investidores brasileiros, que optam por reduzir sua exposição aos ativos de risco, como as ações, por exemplo, e aumentar suas posições em ativos considerados mais seguros, como títulos públicos ou fundos que tentam replicar a performance do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). O que essa curiosa conjuntura cria, falando de maneira simples, é um cenário de renda fixa pagando altos rendimentos e ações baratas - duas coisas que soam como música para os ouvidos do investidor estrangeiro. Com um cenário brasileiro quase ideal para o investidor estrangeiro, que tem encontrado poucas oportunidades de ganhos expressivos nos mercados desenvolvidos nos últimos meses, nota-se uma volumosa entrada de capital estrangeiro no país, ou seja, entrada de dólares. Portanto, fica evidente que o mercado de investimentos no Brasil vive um momento bastante atrativo, e o dinheiro estrangeiro que tem entrado na nossa economia e viabilizado a vertiginosa queda do dólar ante o real nos últimos meses é prova disso. O momento atual é incerto e desafiador, mas cheio de oportunidades para aqueles que sabem aproveitá-las. Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes do UOL Investimentos): informações sobre os resultados da Eletrobras referentes ao quarto trimestre de 2021. Um abraço, Rafael Bevilacqua Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante Queremos ouvir vocêTem alguma dúvida ou sugestão sobre investimentos? Mande sua pergunta para uoleconomiafinancas@uol.com.br. |
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